Sede de sangue

30 de mar. de 2010


Preparem os estômagos: Park Chan-wook tem um novo e chocante filme, a estreiar nesta sexta (2). Sede de sangue segue a escola do sul-coreano e espanta os espectadores, como já tinha ocorrido com Lady Vengeance (2005), último capítulo da trilogia sobre a vingança iniciada pelo diretor com Simpathy for Mr. Vengeance (2002), seguida de Old boy (2004).



O filme — que dividiu com Fish tank, de Andrea Arnold, o Prêmio do Júri em Cannes — mista violência, humor negro e imagens perturbadoras. Cenas de sangue surgem a cada instante. Chan-wook não poupa seus personagens nem está preocupado com que eles criem empatia ou identificação com o público.

Trata-se da história de Sang-hyun, um jovem padre — numa convincente interpretação do ator Song Kang-ho — que se transforma num vampiro depois de, com as melhores intenções, aceitar participar de uma experiência científica na África para descoberta de uma vacina capaz de neutralizar um vírus mortal. Talvez por ser padre e mais sujeito à compaixão pela humanidade, só procura o sangue de suicidas. A maldição o coloca contra os dogmas religiosos e, na sua nova condição de transgressor, ele se torna amante de Tae-ju — mulher de Kangwoo, um amigo de infância — que também se transforma em vampira.

Chan-wook é um dos diretores mais inovadores do cinema oriental surgidos ultimamente. Um de seus filmes, Joint security área (2000) — sobre amizade entre soldados dos dois lados da fronteira nas Coreias do Norte e do Sul — teve uma das maiores bilheterias do cinema sul-coreano.

No lançamento de Sede de Sangue em Nova York, o diretor falou sobre o filme e sua opção por temas que quase sempre chocam os espectadores.

 Qual sua intenção ao realizar Sede de sangue?

Park Chan-wook: Eu queria que esse filme não fosse apenas para ser visto, mas que conseguisse despertar os cinco sentidos dos espectadores.

O que fundamentalmente o inspirou para fazer o filme?


Park Chan-wook: A inspiração veio do surrealismo de artistas como Salvador Dalí e do romance naturalista de Emile Zola. Eu não queria que meu filme tivesse aqueles clichês do gênero como medo de alho, cruzes, dentes pontudos. Eu queria um vampiro mais realista e acho que consegui.

Qual seria uma definição para o filme?

Park Chan-wook: É uma releitura dos filmes de vampiro e, ao contrário do que estão dizendo, não há qualquer intenção premeditada de atacar a Igreja Católica. Tenho muito respeito pela profissão dos padres e pela fé católica.

Por que então a opção de que o personagem fosse um padre?


Park Chan-wook: Acho que é a profissão mais humanista que existe. A idéia era colocar uma pessoa que tem como missão de vida ajudar as pessoas e praticar boas ações, mas se depara numa situação em que precisa do sangue alheio para não morrer. A intenção era testar os limites desse personagem, explorando o dilema de alguém que sempre quer fazer o bem confrontado com a necessidade de matar para sobreviver. Esse personagem existe na vida real.

A que atribui o sucesso que os filmes da Coreia do Sul têm feito ultimamente no ocidente?

Park Chan-wook: Acho que se deve ao fato de retratarem muitos aspectos ainda desconhecidos da sociedade sul-coreana. Além disso, existe uma energia nos filmes coreanos que normalmente não é encontrada em filmes de outros países.

Veja o Trailer:


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